Após inúmeras horas de estudo, uma maratona de provas e muita expectativa, não ver o nome na lista de aprovados pode ser motivo suficiente para muitos candidatos desistirem da faculdade ou tentarem uma carreira menos concorrida. No entanto, especialistas avaliam que o momento deve ser aproveitado para refletir sobre os erros e acertos cometidos e se organizar melhor.
"Não passar no vestibular é a primeira grande frustração dos jovens", afirma a psicóloga Mariana Schwartzmann, especialista em adolescentes pela Unicamp. "Os estudantes devem ter em mente que o fato de não terem sido aprovados não significa que sejam incapazes."
Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do curso Anglo, reforça o coro. "A pessoa tem de acreditar na sua capacidade. E, para ser bem-sucedida no próximo processo seletivo, deve traçar um plano de estudo, de forma planejada."
É importante avaliar em quais matérias o desempenho não foi bom e distribuir o tempo sempre alternando matérias difíceis com fáceis e, de preferência, de áreas diferentes, segundo a coordenadora do curso Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes. "E, na hora de estudar, a pessoa deve parar quando se sentir cansada e fazer alguma coisa diferente para que o rendimento não caia."
O papel da família nessa hora também é determinante na auto-estima do jovem.
Frases como "Não era para ser", "Eu sabia que você não entraria porque não estudou direito" ou "O filho da vizinha passou e você não" não ajudam em nada neste momento para o vestibulando, afirma Sandra Leal Calais, doutora em psicologia e chefe do departamento de psicologia da Unesp de Bauru. "Os pais devem incentivá-lo para que ele não desista do seu objetivo", ressalta.
Sem desespero
Daniel Kuchida, 20, aluno do segundo ano de engenharia civil na Unicamp, conta que o esforço valeu a pena. Ele foi aprovado no vestibular após dois anos de cursinho. "Quando vi que não tinha passado da primeira vez, levei numa boa, afinal, a vida não é só vestibular", pondera. "A pessoa que não passa não pode entregar os pontos nem entrar em desespero. Vestibular tem todo ano."
Sobre o segundo ano de cursinho, ele não o vê como tempo perdido. "Amadureci muito. É nesse momento que você aprende a dar valor e a lutar por um objetivo. É a primeira experiência que tem de vir de você."
Texto FERNANDA CALGARO
da Folha de S.Paulo
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