Mentes lentas geram as ideias mais criativas



Embora uma internet lenta seja ruim para todo mundo, o mesmo não acontece com o cérebro, em que, quanto mais lentas as conexões, mais criativas são as pessoas, revelou a revista New Scientist nesta terça-feira (30).

Rex Jung, da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, e sua equipe descobriram que a criatividade está relacionada com baixo níveis do N-acetilaspartato, substância química que é encontrada nos neurônios e parece estimular a saúde mental e o metabolismo.

O pesquisador descobriu que as pessoas mais criativas possuem uma integridade na matéria branca mais baixa na região que conecta o córtex pré-frontal a uma estrutura mais profunda chamada tálamo, em comparação com seus colegas menos criativos. Jung sugere que uma comunicação mais lenta entre algumas áreas pode tornar as pessoas mais criativas.

- Isso permite a conexão entre ideias muito diferentes, mais inovações e mais criatividade.
Os neurônios constituem a matéria cinza do cérebro – o tecido geralmente associado ao poder do pensamento, mais do que a criatividade.

A pesquisa de Jung está focada na matéria branca, que é formada, em grande parte, por bainhas gordas de mielina, que envolvem os neurônios.
Menos mielina significa que a matéria branca possui uma “intregridade menor” e transmite informações de forma mais lenta.

Vários estudos recentes sugeriram que a matéria branca de alta integridade no córtex, que é associada com funções mentais superiores, implicam um aumento na inteligência.

Mas Jung encontrou algo diferente na relação entre a matéria branca e a criatividade. Ele usou o DTI (tensor de difusão), uma nova máquina de ressonância magnética, para estudar a matéria branca em 72 voluntários.

Ao contrário da ressonância magnética, que mede o volume dos tecidos, o DTI mede a direção em que a água se difunde pela matéria branca, uma indicação de sua integridade.

Outras pesquisas revelaram que a matéria branca pode ser afetada em algumas doenças mentais, o que reforça a relação entre criatividade e doença mental.

As conclusões são surpreendentes, já que uma alta integridade na matéria branca é normalmente considerada algo bom. Segundo Paul Thompson, da Universidade da Califórnia, uma transferência super rápida de informações pode não ser essencial para o pensamento criativo – ela pode ser boa para jogar xadrez, mas a realização de um romance exige algo diferente.

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