Rosana Jatobá estreia blog sobre ambiente


Ao final de um evento de premiação das Empresas mais Sustentáveis do ano, em que atuei como Mestra de cerimônias , desci do palco e fui abordada por um dos convidados:
-Seu nome é artístico?
Achei graça da pergunta e expliquei a origem do batismo.
- Artístico? Não. Jatobá é uma família de novos cristãos vinda de Portugal em 1564, fugindo da perseguição religiosa aos judeus.
- Achei interessante a coincidência: a moça do tempo, que fala das questões ambientais, ter nome de árvore!
- E que árvore! Repliquei, orgulhosa.
Aí confesso que cedi à vaidade:
- O Jatobá é a árvore que mais sequestra carbono da atmosfera. Ela é considerada a faxineira do ar, na medida em que aspira dióxido de carbono (CO2) e, assism, livra a atmosfera de grandes quantidades do principal gás responsável pelo aumento do efeito estufa na Terra.
No caminho de volta pra casa, me lembrei do dia em que a tal “coincidência”, por ser uma Jatobá e gostar dos temas relacionados ao meio-ambiente, se havia revelado.
Dois anos antes dessa noite, fui convidada para assistir à palestra do mais famoso ambientalista e ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore. De passagem por São Paulo, ele falaria para um público seleto sobre a crise climática mundial, mostraria as evidências de mudanças dramáticas e radicais no mundo provocadas pelo aquecimento global.
Antes, porém, tratei de ver o documentário que projetou suas idéias, “Uma verdade inconveniente”, mais tarde ganhador do Oscar. Naquele momento nascia a semente da minha inquietude. Fiquei alarmada ao saber da rápida escalada da concentração de CO2 nos ares, o que estava transformando o planeta numa panela de pressão.
No auditório do Ibirapuera, o mestre atualizava dados científicos e , junto com o alerta , lançava um apelo por uma mudança de hábitos da humanidade. Senti uma espécie de chamamento. Saí convencida de que o acaso não existe. Deveria honrar meu sobrenome.
Por força da profissão, já transmitia as notícias da meteorologia e observava parte daquelas mudanças significativas no padrão mundial do clima. Uma maior duração e frequência de fenômenos, como tempestades severas, secas, furacões, ciclones…e o ineditismo, nesta nossa era, do derretimento de quase todas as geleiras do mundo e a consequente elevação do nível do mar, com implicações na fauna e na flora.
Entendi que era a resposta da natureza em fúria pela sobrecarga imposta em nome do desenvolvimento econômico.
Acreditei que poderia contribuir para dar destaque ao tema e , quem sabe, sensibilizar as pessoas quanto ao processo destrutivo da Terra, cuja maior vitima, por ironia, seria mesmo a raça humana.
Resolvi estudar mais profundamente o assunto, de início , por conta própria. A pesquisa me levou a grandes obras de cientistas, como James Lovelock e Tim Flannery, e a de estudiosos brasileiros que participaram do IPCC.
Em pouco tempo estava tatando do assunto no GNT, canal de tv a cabo, numa série de programas sobre Sustentabilidade chamada “Um mundo pra chamar de seu”. A ideia era convencer as pessoas de que pequenas atitudes, como reciclar o lixo, economizar água e energia, reduzir o consumo de carne e de bens em geral, e deixar o carro na garagem poderiam reduzir a pegada de carbono: a quantidade de CO2, metano e outros gases que lançamos todos os dias na atmosfera. Em última instância, a mensagem era a de que temos que cuidar da Casa em que habitamos, para que Ela possa acolher nossos filhos e netos, reproduzindo os milagres da vida que hoje ainda testemunhamos.
No ano passado, iniciei um Mestrado na USP sobre Gestão e Tecnologias Ambientais, fonte preciosa de pesquisa sobre aspectos que pretendo trazer à discussão.
Neste espaço, quero a sua parceria para continuar esta missão ecológica. Afinal, predestinação se respeita. Uma Jatobá não pode ignorar o peso deste nome, não é mesmo?

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