10 mitos desvendados sobre o ensino online na internet

A efetividade do e-learning depende da desmitificação do método via web

Vale a pena fazer cursos a distância online? A gente realmente aprende com o tal do e-learning? Bom, a verdade é que existem muitos mitos sobre o assunto. Por isso, identificamos 10 mitos sobre o aprendizado a distância, que aqui são comentados por Romain Mallard, da DigitalSK.

1. Para aprender é preciso assistir às explicações do professor. Por isso o ensino baseado na web não é eficaz.

Este é um dos grandes mitos que rondam o e-learning. Conhecimento não se transfere, mas se constrói; o futuro do aluno depende menos de quem sabe sobre um determinado assunto e mais de como e o que esse aluno vai fazer para aprender. E o e-learning considera a individualidade do desenvolvimento intelectual, procurando um equilíbrio entre ensinar e respeitar o ritmo de cada um. Além disso, traz para o aluno uma responsabilidade sobre seu desenvolvimento, colocando-o como principal ator do seu aprendizado. De ouvinte, ele passa a participante e, assim, muitas vezes o ensino por meio da tecnologia se torna mais eficiente que o tradicional.

2. É impossível prender a atenção do aluno em um ambiente virtual de aprendizagem.

Outro mito muito comum. Porém, por meio da escolha de sistemas apropriados e da aplicação de uma didática adequada, é possível criar um ambiente totalmente interativo, no qual o aluno é incentivado a avançar a cada etapa. Plataformas virtuais de ensino devem ser capazes de integrar o imenso leque de ferramentas interativas disponíveis hoje em dia, que possam contribuir para despertar e manter a atenção do aluno, como webTVs, por exemplo. Outra possibilidade é a utilização de monitoria, que acompanhe e incentive o aluno em seu treinamento.

3. Conteúdos auto-instrutivos contribuem muito pouco para a aprendizagem.

Pelo contrário, ao dar autonomia e recursos ao aluno, o mesmo assume uma postura completamente diferente em relação aos objetivos de aprendizagem. Vale ressaltar que, com a diversidade de opções disponíveis hoje para se criar tutoriais (vídeos, wikis, podcasts), seu uso fica ainda mais efetivo.

4. A internet é uma ferramenta inacessível à maioria da população.

A internet ainda é uma ferramenta de acesso restrito à grande parcela da população brasileira, assim como o próprio sistema de ensino. Porém, isso não impede a difusão do e-learning. Primeiro, porque de acordo com os dados da última pesquisa realizada pelo IBOPE, hoje já são mais de 67 milhões de brasileiros com acesso à internet, a partir de ambientes diversos como residência, trabalho, escolas e lan houses. Isso mostra que existem várias opções de acesso, mesmo para quem não tem conexão em casa. Segundo, porque, em se tratando de treinamento corporativo, é comum as empresas oferecerem o ambiente com acesso aos seus colaboradores. O mesmo acontece na área acadêmica, para complemento de cursos de graduação e pós-graduação, quando as escolas disponibilizam seus laboratórios aos alunos. Sempre há uma forma de se conectar.

5. Não há como medir os resultados, nem monitorar o treinamento.

Exatamente o oposto. O uso do e-learning facilita o acompanhamento e a medição dos resultados, de forma mais refinada e ágil do que em treinamentos presenciais. Para tanto, a escolha correta do LMS (Learning Management System) é decisiva. Plataformas virtuais como o Moodle permitem não apenas que os alunos realizem seus cursos, mas também que os tutores e responsáveis possam gerenciar aspectos logísticos e didáticos dos treinamentos, realizando um acompanhamento individual ou por turmas.

6. Requer uma infra-estrutura própria e muito cara.

A grande maioria das empresas que optam por utilizar e-learning já possuem uma estrutura adequada, necessitando apenas realizar pequenos ajustes. Além disso, é muito importante ressaltar que o e-learning pode e deve ser desenvolvido de acordo com a infra-estrutura disponível, adequando-se à realidade do usuário em termos de hardware e conexão. Em resumo, as empresas compram o serviço de e-learning e só precisam garantir o acesso a este serviço.

7. O ensino a distância é muito impessoal e não considera as características individuais que podem ser “percebidas” pelo professor em uma sala de aula tradicional.

De fato este sempre foi um grande mito. Mas com o avanço da tecnologia e a grande variedade de serviços web disponíveis, é cada vez mais fácil oferecer recursos que atendam às restrições e afinidades de cada usuário. Podcasts, wikis, webtvs, fóruns, conteúdos multimídia, games, chats, microblogs, realidade aumentada, redes de relacionamento são apenas alguns exemplos de como a tecnologia oferece ao usuário a oportunidade de escolher o recurso de acordo com o seu perfil. Já a flexibilidade oferecida pelo e-learning desempenha um papel fundamental na questão da personalização, uma vez que o usuário escolhe o melhor momento para realizar o treinamento, com a duração que julgar necessária. Por exemplo, atividades online com previsão de 30 minutos de duração são realizadas por alguns alunos em 20 minutos, enquanto outros levam até 50 minutos. Reunindo essas pessoas em uma sala de aula, o ritmo imposto não agradaria a ninguém. O e-learning traz ainda uma dimensão social online, por meio de chats e fóruns que promovem o contato entre seus usuários, assim como por intermédio do acompanhamento de monitores durante o processo de aprendizagem.

8. Apenas adolescentes ficam tanto tempo na web. Os adultos, profissionais e estudantes, não têm esse hábito, sobretudo para aprender.

Um profissional com aproximadamente 30 anos, provavelmente descobriu a internet ainda na faculdade. E hoje, passa, em casa, um tempo maior no computador do que na frente da TV (os brasileiros são os maiores usuários com média de 23 horas por semana, sendo que 85% deles acessam redes sociais e quase todos assistem a vídeos online e muitos usam o telefone celular não apenas para fazer ligações, mas também para receber notícias, atualizar seus blogs e usar outros serviços da rede). Isso quer dizer que é um público apto a receber um treinamento online. E cabe às empresas oferecer um ambiente de trabalho motivador, criando experiências que necessariamente precisam passar pelo online, uma vez que seus colaboradores estão acostumados a esse universo fora do trabalho.

9. Produzir conteúdo para e-learning demanda investimentos superiores.

Este talvez seja o mito que necessite maior explicação, já que realmente foi verdade há algum tempo atrás, por duas razões. A primeira é que quando o e-learning começou a ser mais amplamente utilizado, não havia por parte das empresas contratantes e tampouco dos fornecedores uma preocupação em adaptar o conteúdo para um novo estilo de aprendizagem, apenas transferindo o conteúdo impresso para a tela do computador. Obviamente, os resultados não eram satisfatórios e o investimento acabava realmente com uma relação custo X benefício menos interessante que nos treinamentos presenciais. A segunda e mais importante razão continua a ser realidade em algumas instituições ainda hoje: a produção de conteúdos difíceis de serem atualizados e que somente se aplicam a um tipo de mídia. Isso faz com que a cada mudança ou atualização no conteúdo, seja necessário praticamente refazê-lo, gerando um novo custo. Ou que para aplicação em mídias diferentes (como gravação em webcd ou acesso via celular, por exemplo), o cliente seja obrigado a contratar um novo serviço para refazer o mesmo curso, em outra versão. Mas isso não é mais realidade para fornecedores que trabalham com o conceito de acervo de conteúdos multimídia.

10. O e-learning pode substituir o presencial?

Esse é o mito clássico que ronda o ensino a distância. O e-learning e o ensino presencial são complementares. Ocorre que, cada vez mais, o e-learning tende a substituir o presencial quando o deslocamento dos participantes ou dos instrutores não é viável e o assunto permite ser discutido a distância. Para estes casos, sim, o e-learning está assumindo o lugar do ensino em sala de aula. Porém, nem todos os temas permitem ser 100% tratados a distância. O desenvolvimento de habilidades com forte componente humano (relacionamento interpessoal, por exemplo) vão continuar demandando que o treinamento seja realizado presencialmente. Mas isso não impede que parte dele seja feita online.

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