Biólogos descobrem espécie inédita de quandu no interior do Ceará


Quandu de baturité fotografado na Serra de Baturité, no interior do Ceará (Foto: Hugo/Arquivo pessoal)
Quandu de baturité fotografado na Serra de Baturité, no interior do Ceará (Foto: Hugo Ferreira/Arquivo pessoal)
Um grupo de biólogos cearenses descobriu uma nova espécie de quandu – um mamífero roedor semelhante a um porco-espinho, da mesma ordem dos ratos – no interior do estado. O “quandu de baturité”, que recebeu o nome por ter sido localizado na Serra de Baturité, foi encontrado pelo biólogo Hugo Fernandes Ferreira e confirmada como nova descoberta por Anderson Feijó e Alfredo Langguth, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A espécie foi confirmada como uma descoberta na revista Revista Nordestina de Biologia, no artigo que cataloga as 40 espécies de mamíferos de médio e grande porte descobertas nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O animal foi visto pela primeira vez em 2011, e a confirmação do quandu de baturité foi publicada dois anos depois, em setembro deste ano.

Com a confirmação da descoberta de uma nova espécie, a equipe inicia os estudos do comportamento e dieta do animal, além da análise do DNA, que vai identificar o grau de semelhança com outras espécies de quandus. A principal diferença entre o quandu de baturité e outros animais do gênero está no formato do crânio e nas cores dos espinhos, segundo os biólogos.
“Se ele for um animal de presença restrita à Serra de Baturité, e é essa a minha hipótese, ele certamente é um animal que corre risco de extinção”, diz Ferreira. O quandu de baturité tem o tamanho aproximado de um cachorro poodle, porém com as patas mais curtas.
Pela semelhança com os animais próximos, o quandu de baturité foi identificado como herbívoro e tem como predadores felinos selvagens e cachorros de grande porte, quando soltos no habitat desses animais.
Até a confirmação de uma possível autóctone – típica de uma única região –, o grupo vai precisar pesquisar em outros territórios do Nordeste Brasileiro. “Isso demanda tempo, ação de outros pesquisadores. Precisamos saber se em outras áreas úmidas do Nordeste há espécies semelhantes. Também precisamos de um projeto de coleção científica, onde ficam disponíveis para pesquisas os animais de cada área. Como temos pouco material disponível sobre esse grupo de mamíferos roedores, ainda vamos precisar de muito tempo de pesquisa”, explica Ferreira.

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